LOG#1525 – Review

Uma ficção científica que se passa num futuro distante, onde a humanidade já se habituou com a colonização espacial e mineração de planetas e nosso maior inimigo é a existência do horizonte, não nos permitindo assim, definir limites a nossas ambições. Uma nave capaz de cruzar o espaço carregando nutrientes para nossa existência e um tripulante disposto a fazer isso (de preferência, dentro do prazo para ganhar aquele bônus salarial descrito no contrato).

É neste universo que me encontrei, quando recebi de presente da Editora Chiado, o Livro LOG#1525, do autor B. Demetrius. Um detalhe que quase esqueci (mentira) de mencionar, estamos falando de uma obra brasileira, 100% brasileira.

 

O quão empolgado fiquei de começar a ler que não percebi as primeiras “referências” que Demetrius, sutilmente, colocou. Comentários sobre desenhos animados, jogos de vídeo game e o bom e velho rock n roll são algumas das coisas citadas pelo nosso protagonista, o Major, como “do século XX ou XXI”. Sua locução é um registro de bordo neural, onde seus pensamentos e falas são armazenados como diário, então temos apenas ele em nossa leitura, reclamando de sua vida, xingando seus contratantes, lembrando seus anos de glória e conversando com o BORIS, um implante cibernético que o auxilia na comunicação com a nave, gerenciamento de dados e ouvinte fiel (contra a sua vontade).

 

Tudo isso poderia ser uma terça feira normal em algum lugar do percurso que estavam realizando, mas não seria uma aventura literária se não tivesse dado alguma merda. É claro que tinha que dar merda!

De repente, o Major se encontra acordado. Sua câmara de hiper sono / cápsula de extração e sobrevivência estava aberta num planeta desconhecido.

No intervalo entre dormir dentro de um cruzador e acordar num cubo de gelo escuro, BORIS perdeu contato com o sistema operacional da nave, o PAI, e o Major sabe o mesmo tanto que nós, seus leitores. Porra nenhuma…

Sua aventura pela sobrevivência; por descobrir o que aconteceu; em encontrar o restante da tripulação e poder voltar pra casa faz deste, um dos melhores livros do gênero que já li. Envolvendo mistérios, Survivor Horror, Sci-fi e muita, muita ração militar.

O conto não têm nenhuma encheção de linguiça, nenhum capitulo chato, nenhum flashback desnecessário. É uma escrita mais crua, mas mesmo assim bem desenvolvida. O planeta polar que o Major se encontra também não têm muita coisa para descrever, a força e a distância da estrela que orbita torna o cenário sempre escuro e as criaturas que habitam ali… bom, elas eu deixo para que você descubra sozinho, quando ler LOG#1525.

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UMA EDIÇÃO DE RESPEITO. Exemplar do livro com artes conceituais do planeta, mapa da jornada do Major, marca texto da caneta de plasma e um esboço do Cão.

A aventura não é linear. O Major por diversas vezes se encontra entre voltar para onde é seguro ou avançar ao desconhecido, em busca de respostas. Isso torna a jornada mais envolvente e as escolhas feitas, fazem a quem lê, acompanhar um destino incerto e um final cheio de surpresas.

 

O mínimo que posso dar para essa obra é 5/5 Mother Fucker e aproveitar a oportunidade para incentivar a leitura de obras nacionais. B. Demetrius prova por A + B que temos escritores competentes apresentando material de qualidade, independente do gênero.

Rafael Peregrino

Musica, filmes e livros me definem. Violão, café, papel e caneta me descrevem. Me fale um assunto e sempre terei algo a dizer. Fazer as pessoas rirem é o motivo da minha alegria