Os Cavaleiros do Zodiaco da Netflix – aceita que dói menos

Desde que o termo ADAPTAÇÃO começou a ser usado na indústria do entretenimento, uma ferramenta polêmica veio junto para causar discórdia entre os admiradores da obra em questão. Estamos falando da Licença Poética.

Licença Poética é quando, por exemplo, adaptamos um livro, uma peça de teatro e na reconstrução da obra mudamos a característica do personagem e seu local de atuação, para se encaixar melhor no que a narrativa quer apresentar. Isso é feito também em animes, desenhos, filmes ou em qualquer outra mídia que cria a sua estrutura narrativa a partir de uma outra.

Mais recentemente, foi adaptado e usado de Licença Poética na nova série Original Netflix Saint Seiya: Os Cavaleiro do Zodiaco

Bom, quando o nome foi anunciado, já me lembrou do último filme, em animação 3D, que deu o que falar. História muito mal contada, diálogos fracos, roteiro furado e personagens estereotipados e muito superficiais, sem contar as armaduras que mais pareciam uma mistura de Jiraiya com o Destruidor (Tartarugas Ninjas). Os gráficos são incríveis, mas é fato que não se pode contar a Saga do Santuário em 2 horas. Conforme o tempo foi passando, a Netflix foi divulgando imagens, artes conceituais e trailer de sua adaptação, minha raiva foi crescendo a cada notícia: Seiya skatista, Mestre ancião caucasiano e Shun mulher…  Como podem mexer em algo sagrado assim, desse jeito? Por que não colocam a série original? Por acaso não viram que fim levou o filme de 2014? 

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O filme foi ruim? Foi… mas olha esse Meteoro de Pegasus

Uma coisa é certa: A Locadora Vermelha gosta de arriscar alto. Temos diversas provas disso ao longo desses 5 anos de produções originais e muitas delas acertaram em cheio.

Enfim, a série foi lançada e as opiniões já pesam para ambos os lados da balança. Confesso que, até apertar o play, estava cético em relação a série, descrente de que ela poderia ser boa e abrir caminho para uma segunda temporada, mas já nos dois primeiros episódios mudei de conceito e aprendi a gostar do que estava vendo.

Os gráficos são bem simples, mas não por falta de recursos, pois podemos ver no próprio cenário que as casas, as montanhas, a água, tudo é muito bem texturizado e detalhado. Apenas os personagens em si que foram feitos com traços de desenho, principalmente nos olhos que não têm muita profundidade. No aspecto físico, foram bem fiéis com a aparência de todos e não fugiram muito da estética nipônica dos anos 80 e 90.

Algumas coisas foram desconsideradas na série, como a regra que “guerreiras mulheres precisam usar máscaras” (e o fato de que, se um guerreiro a quebrar, a Amazona terá que odiá-lo ou amá-lo, o que acaba trazendo uma trama essencial para a animação original). Outras coisas foram adicionadas, como a nova profecia da deusa Atena e o personagem vilanesco Vander Guraad. Essas e outras coisas dão sentido a história criada pela Netflix e não é motivo para comparações ao material original, senti falta apenas dos elmos dos nossos cavaleiros de bronze.

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As primeiras armaduras que, em vez de elmos eram capacetes.

Foram lançados 6 episódios na última sexta feira (19), que culminam com o aparecimento de Ikki, cavaleiro de Fênix e irmão mais velho DA Shun. A batalha final tira o fôlego e nos deixa ansiosos para saber o que será apresentado agora, pois as modificações que foram feitas não direcionam os argumentos para o Santuário e nem que o cavaleiro Saga de Gêmeos, será o vilão principal da série.

Basta-nos agora, aceitar o que foi mexido e esperar que nossa querida locadora não profane um dos alicerces de nossa infância. E para aqueles que, como eu, tiveram um preconceito e julgaram a série por essas mudanças: Procurem se informar mais antes de criticar, pois quando pesquisei para essa matéria, descobri que o anime também usou de Licença Poética, quando adaptou do mangá e houveram sim, alterações de um para outro.

Mordi minha língua e estou aqui, elogiando esse trabalho. Mas como um bom crítico, aponto também o que poderia ser melhorado. Sei que a intenção era que os gráficos fossem aqueles, mas poderiam ser melhor. O núcleo do vilão ainda não me convenceu e eu não consigo entender de onde vem tanto recurso para tanques, helicópteros e mão de obra militar. Minha nota é o total de cavaleiros que juraram proteger Saori, encarnação de Atena, 4 Mother Fuckers. Espero que Ikki venha ao grupo e some a nota máxima para a próxima temporada (aindo não confirmada).

Rafael Peregrino

Musica, filmes e livros me definem. Violão, café, papel e caneta me descrevem. Me fale um assunto e sempre terei algo a dizer. Fazer as pessoas rirem é o motivo da minha alegria