Coringa, o (a) CARTAz que faltava!
Eu poderia seguir a mesma linha de algumas críticas que já li e assisti sobre o novo filme do Coringa, mas não vou. Cada palavra difícil ou termo técnico utilizado para descrever positivamente o filme e a atuação do ator Joaquin Phoenix encaixam-se perfeitamente, pois, existem riquezas de detalhes no roteiro e na produção que enchem os olhos de qualquer cinéfilo. Além disso, essa é uma obra que destoa do que se espera nas releituras de quadrinhos graças ao clima dramático que carrega e toda sua harmonia composta entre coreografia, ambientação trilha sonora e sequência de fatos.
Para nós, reles leitores e admiradores do universo DC, esse é um excelente filme de origem de personagem. Mesmo não sendo 100% fiel aos quadrinhos, conta com maestria a história do icônico vilão, entrega elementos que justificam sua insanidade e ainda nos leva a duvidar de seu caráter, graças a algumas revelações inusitadas. Ao longo do filme, somos convencidos de que o personagem é uma vítima da sociedade que não soube lidar com suas peculiaridades, mas, mesmo assim, não deixamos de encará-lo como vilão.
No entanto, Coringa é uma produção que, ironicamente, não aposta na comédia nem sequer em alívios cômicos desnecessários. Por incrível que pareça, a história do “palhaço” é dramatizada de forma linear e crescente, não abrindo nenhuma brecha para o humor pastelão. Obviamente, há uma situação ou outra que causam risos, porém, os tons de violência são tão pesados que permitem a compreensão de que todos seus dramas do cotidiano, funcionam como piadas de mal gosto que provocam culpa ou um certo desconforto quando achamos graça em algo. Ao contrário do que alguns conservadores dizem, não há apologia à violência, pra mim, esta é uma história que parte de um princípio dramático e desencadeia uma série de sequências que justificam os meios e os fins das ações de um personagem já conhecido pelo público.
A interpretação e caracterização do protagonista são excelentes. Conseguimos comprar esse Coringa facilmente e principalmente compreender sua motivação para o crime. Os demais personagens, apesar de não serem muito explorados, tem muita importância na transição do vilão para a insanidade. O ambiente sujo mostra uma Gotham em meio ao caos, com pessoas confusas, perdidas, brigando de forma desesperadora por mudanças na cidade e igualdade social. Todos esses elementos servem de enriquecimento para o enredo, permitindo quem sabe, a abertura de diversos arcos…
Com tantos atrativos e elementos voltados tanto ao público mais exigente quanto a massa que ama um blockbuster, Coringa é a carta que a DC precisava numa “leva de mão” excelente que aderiu neste ano. Ao lançar seu “Aquaman de copas”, assustou a concorrência, empolgou o público e mostrou que não estava pra brincadeira. Em seguida, quando atirou seu “Shazam de ouro”, causou pouco alvoroço, mas se impôs ao jogo demonstrando que poderia segurar a rodada. Por fim, mesmo com os cotra-ataques, lançou sua carta final que faz jus ao nome: Coringa! O “zap” tão esperado para colar na testa da concorrência e gerar uma possível dor de cabeça. Tudo isso, nos faz entender que na “mesa hollywoodiana” haverá uma nova rodada, ainda mais emocionante para o ano seguinte. Logo, por essa jogada certeira, o filme não merece apenas 5 Mother Fucker, mas, 6, aliás, 9… Melhor ainda: 12 Mother Fucker!!!