Laços, a histórinha que não está no Gibi!
Um plano infalível que tem tudo pra dar certo! O filme Turma da Mônica: Laços, estreou nesta quinta-feira dia 27 de junho e é a primeira aposta em live action da turminha mais amada dos quadrinhos brasileiros. Pela primeira vez, Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali ganham carne e osso, estreando nas telonas com uma narrativa leve, delicada e muito divertida.
A página inicial desse acerto começa pela escolha do roteiro baseado na graphic novel Laços, dos irmãos Vitor e Lu Cafaggi. Essa obra é um dos maiores sucessos dessa nova leva de quadrinhos da Turma da Mônica para o público mais adulto. Lançada em 2013 pela MSP em parceria com a Panini, o material traz a história do rapto de Floquinho, o fiel companheiro canino de Cebolinha e a aventura dos quatro amigos em busca do cãozinho perdido. Além da leitura super gostosa, a graphic novel apresenta uma arte lindíssima, com traços cartunescos ao estilo dos desenhos franceses e um enredo bem na pegada anos 80, onde amigos se juntavam para uma grande jornada. O sucesso foi tanto que gerou mais duas edições: Lembranças e Lições, lançadas posteriormente com a mesma qualidade e repercussão do primeiro.
O filme apresenta um roteiro e um plano sequência fidedigno à graphic novel, traz personagens cativantes e um cenário convidativo com casas de alvenaria bem simples, coloridas, espaçosas e de muros baixos, semelhante às casas das historinhas clássicas. Além disso, está repleto de easter eggs, que são reconhecidos pelos fãs cena após cena, através de bonecos, símbolos e personagens aparentemente figurantes. Vale citar a aparição discreta do autor Maurício de Souza bem ao “estilo Stan Lee“, não tão cômica, mas tão especial quanto, ainda mais para nós: fãs e admiradores do seu trabalho.
A turma protagonista do Bairro do Limoeiro foi muito bem representada. Os atores são iniciantes e imaturos, mas conseguiram absorver a essência de cada personagem e passar ao público com maestria, por isso não é difícil comprar a interpretação de cada um. A braveza da Mônica, a esperteza do Cebolinha, a gula da Magali e o medo do Cascão, são tão presentes que nos dão a impressão de pensar que realmente são eles em carne e osso. A turma é bem entrosada, parecem amigos de longa data, daqueles que crescem juntos, sabe? Num momento morremos de rir com a discussão e a perseguição cartunesca típica das historinhas e em outro, enchemos nossos olhos de lágrimas com algumas atitudes e falas que demonstram lealdade, afeto e parceria. A caracterização do figurino ficou muito fiel (mesmo com os excessos capilares) e a personalidade de cada um foi muito bem retratada.
Os personagens de apoio, sendo alguns representados por atores de peso, como Monica Iozzi e Paulo Vilhena, fazem bem seus papéis como os adultos da história, mas não ofuscam os personagens centrais. Todos têm uma presença e participação na dosagem certa e cumprem seus papéis com sutileza. Porém, a participação de Rodrigo Santoro como o Louco é memorável, seu diálogo com Cebolinha, traz um aspecto reflexivo em relação ao nosso íntimo. Ainda que esteja “malhadinho demais”, para o Louco, ele ficou muito bem no papel e principalmente na caracterização.
O filme não é uma aventura repleta de efeitos especiais e grandes plot twists, é uma boa história linear com começo, meio e fim; fiel à obra escrita à qual se inspirou. Todo conjunto prende nossa atenção através da simplicidade dos diálogos e da riqueza de detalhes no cenário que foi muito bem pensado e construído pelo diretor Daniel Rezende. As edições são boas, bem desenvolvidas, porém há algumas cenas longas demais, que cansam um pouco, mas nada que afete a qualidade do filme. Além disso, o roteiro aborda sem timidez, alguns valores clichês funcionais tais como a amizade e a cumplicidade.
Então meus amigos Geeks, o que estão esperando? Corram para o cinema para ver este acerto nacional. Turma da Mônica Laços é um filme nostálgico, simples que “amarra” o público de todas as idades. Sua premissa traz de volta aquela energia que o primeiro filme do Menino Maluquinho nos trouxe anos atrás, na década de 90, onde os personagens centrais eram crianças agindo naturalmente, parecendo se divertir durante as filmagens. Vamos torcer para que essa não seja uma “página virada” e esquecida para o nosso cinema e muito menos que tenha um FIM. Mas que seja o início de uma aventura com várias CONTINUAÇÕES e que sirva de inspiração para outras produções do gênero.
Turma da Mônica Laços, é um sutil investimento do cinema nacional, corajoso por competir com produções de peso que já estão em cartaz e outras que estão porvir. Merece nossa atenção, por fazer parte da história de muitas gerações e pela qualidade que tem como filme, por isso leva… 4.75 Mother Fucker.