Harry Potter e o Impacto na Literatura
Não é segredo algum que com os livros de Harry Potter obtendo sucesso mundial foi possível abrir caminhos para outros autores. As histórias infanto-juvenis passaram a ser relatadas em mundos fictícios com mais frequência, sempre tendo como personagens crianças e adolescentes que lutam contra alguma força do mal buscando ter um mundo melhor.
O próprio autor da saga de Percy Jackson e Os Olimpianos disse em seu twitter certa vez ser grato à autora J.K. Rowling por ter aberto as portas para que as histórias dele pudessem ser contadas hoje.
Let's not forget that J.K.R. opened the floodgates for countless other MG/YA authors who came after her, including me. She proved to publishers that children's lit could sell. For that & for her wonderful stories, I'll always be grateful. W/out HP, there would be no PJ. 2/2
— Rick Riordan (@camphalfblood) January 1, 2019
O mercado antes de Harry Potter era focado para os públicos adulto e infantil, deixando o jovem adulto de lado. Com o lançamento da história do garoto que descobre ser um bruxo aos 11 anos, as coisas começaram a mudar, entrando em contraste com o mercado atual que é mais focado em contos para adolescentes. Sendo assim, não apenas mundos fantásticos são criados para adolescentes, mas também histórias que envolvem situações reais.
É possível notar a venda crescendo para esse público com títulos como Crepúsculo da Stephenie Meyer, Percy Jackson e os Olimpianos do Rick Riordan, Divergente da Veronica Roth, Jogos Vorazes da Suzanne Collins e The Mortal Instruments da Cassandra Clare. Sem contar que foi possível ver que a busca por títulos desse gênero foi tanta que livros como O Senhor dos Anéis de J.R.R. Tolkien, As Crônicas de Nárnia de C.S. Lewis e A Bússola de Ouro de Philip Pullman foram redescobertos.
Existe uma pesquisa do Kids and Family Reading Report realizada em 2006 evidenciando que mais da metade dos leitores com idades entre 5 e 17 anos não liam livros por entretenimento antes de ler Harry Potter. A pesquisa também informou que para mais de 60% dos filhos e 76% dos pais pesquisados, após lerem a obra, o desempenho escolar das crianças foi crescente, mostrando mais uma vez o impacto que a saga teve na literatura.
A revolução literária não foi apenas para abrir portas para o mundo infanto-juvenil, se pararmos para notar as mulheres sempre tiveram pouco espaço e é raro ver obras famosas escritas por mulheres já que as editoras tinham medo de que as pessoas não leriam suas obras só por ter o nome de uma mulher na capa, razão pela qual lemos J.K.Rowling e não Joanne Rowling nos livros de Harry Potter. Claro que ela não revolucionou o mundo literário na questão do machismo, mesmo porque antes dela já haviam nomes famosos na literatura como Jane Austen e Agatha Christie, porém sua ajuda teve grande valor. Na época em que Harry Potter foi lançado, ou seja, na década de 90, as editoras acreditavam que uma mulher não seria capaz de fazer um grande sucesso comercial ainda mais escrevendo um conto infanto-juvenil.
Como a história nos mostra o resultado foi exatamente o oposto do esperado, apenas tenho dó das editoras que recusaram Harry Potter. A história do garoto que morava embaixo das escadas se tornou uma nova febre mundial que nunca passou. Foi a partir daí que as editoras abriram as portas para novas autores e suas ideias fantásticas, o que volta para o ponto que eu fiz no começo desse texto.
Só por curiosidade mesmo, hoje a palavra Muggle (que foi traduzida para trouxa nos livros brasileiros) foi colocada no dicionário britânico por conta do impacto dos livros mundialmente.
“I don’t believe in the kind of magic in my books. But I do believe something very magical can happen when you read a good book.” – J.K. Rowling