HOMEM-ARANHA no AranhaVerso do “sem expectativas” às múltiplas realidades!

Mal nos recuperamos das fortes emoções de Vingadores Ultimato e já estamos prestes a ter um novo colapso com o novo longa do Homem-Aranha! Teias de informações já foram lançadas e gerou “expectativas” nós fãs, devido a possível exploração do Multiverso Marvel. Mas esperem! Isso não é novidade para o “Amigão da Vizinhança”, muito menos para os fãs de “carTEINHA”, afinal a Sony já chegou as “oito perninhas de aranha” no peito do público e de uma maneira esplendorosa deu início à esse viés. O filme Homem-Aranha no Aranhaverso não só rendeu milhões com a bilheteria à produtora, mas abocanhou o Óscar de melhor animação de 2018. Sem “teias de dúvidas” essa foi uma das suas melhores apostas cinematográfica em termos de animação.

Por causa desse fenômeno, quero “costurar” aqui com vocês o porquê dessa animação, ao meu ver, ser uma perfeita “colcha de retalhos”. O acerto começa com os personagens, que apesar de servirem de pano de fundo para o novato Miles Morales, são muito bem explorados e desenvolvidos. Cada um possui características únicas, tanto em termos gráficos artísticos como em suas personalidades.

O Aranha Noir, por exemplo, com seus “cinquenta tons” de preto e branco, apresenta uma formalidade própria dos desenhos clássicos. Seus movimentos foram desenvolvidos para retratar as primeiras animações feitas, por isso, torna-se cômico assistir sua inserção à um universo cheio de cores e principalmente martelar a cabeça para decifrar um simples cubo mágico. Já a pequena Peny Parker é uma prodígio do futuro caracterizada na linguagem dos animes e inserida ao elenco com suas ações extravagantes, inspiradas nas poses divertidas dos personagens nipônicas (tipo Sailor Moon e Sakura Card Captors). A garota se destaca através de suas falas de efeito, closes detalhados, movimentações e caracteres artísticos. Em contrapartida, seu “ciborgue-aranha” apresenta características semelhantes a de alguns mecha-animes bem ao estilo Tranformers… Mas sem dúvida alguma, o personagem mais divertido e carismático é o Porco-Aranha. Sua figura achatada e todos seus traços cartunescos semelhantes ao Presuntinho dos Looney Tunes entregam um modelo escrachado de cartoon, daqueles que sempre guardam itens “básicos” em seus bolsos: marretas, buzinas, bigornas e bombas… Coisas que usamos no dia-à-dia… rsrsrsr.

Spider-Gwen, Peter Parker e Miles Morales formam o trio que encabeça o grupo e que apresenta conflitos com mais peso. A jovem heroína carrega uma história inversa ao da realidade que conhecemos, mostrando-se uma mulher cheia de atitude, ligada à dança, à música e a cultura alternativa. Em seu universo, ela é picada pela aranha e perde uma pessoa muito importante de sua vida. Sendo então a heroína de seu mundo, essa Gwen além de inteligente e corajosa, possui um forte espírito de liderança. Tem também muito carisma e forma uma boa dupla com o personagem central, rendendo cenas divertidas e fofas que desenrolam-se por meio de diálogos e discussões misturados à ações atrapalhadas.

Peter Parker, nosso clássico “teioso” que aparece por aqui em dose dupla. O primeiro é o Peter dos filmes da franquia diretor Sam Ramy, ele remete bons easter eggs que vão desde o salvamento no metrô à dancinha cafona do “EMO-ARANHA”. Agora é bem sucedido, está casado e é muito querido na cidade de Nova York. Sua aparição é curta e serve de escada para o real protagonista. Em poucos minutos de filme, ele e é literalmente esmagado como uma aranha, pelo Rei do Crime. Peter B.Parker, inicialmente se apresenta na versão contrária do herói que estamos acostumados. Sua forma física e aparência descuidada, demonstram um homem cansado e sem motivação alguma para combater o crime devido às diversas perdas que teve em sua vida. A princípio, recusa-se a atuar ao lado de Miles para combater o Rei do Crime, mas, seu relacionamento com o grupo, o faz retomar seus valores e recuperar o espírito de liderança adormecido. Todo esse processo de evolução, valoriza o personagem e restaura nossa conexão afetiva, construída ao longo dos anos.

Miles Morales é o típico garoto da periferia que carrega o peso do tímido nerd bolsista em uma escola elitizada. Ao mesmo tempo é conectado às redes sociais, à música e à arte de rua, onde encontra liberdade para fugir das cobranças e regras do pai policial. Admira muito o tio pelo modelo de vida que acredita ser seu ideal. Mas seu lado responsável fala mais alto, por isso, tenta equilibrar sua realidade ao futuro que seu pai batalha para lhe proporcionar. Essa relação com o pai e o tio remete aos conflitos que todo adolescente passa e as escolhas que precisam tomar. Ah! Esqueçam a transformação dramática do menino para o herói. Seu contato com a aranha radiativa é retratado de uma forma tão banal que desconstrói todo aquele drama da transformação heroica.

Tia May está incrível! Diferentemente das anteriores, ela é uma mulher hábil, corajosa e totalmente integrada ao universo aranha. Mary Jane impressiona a delicadeza e beleza de seus traços. Ao mesmo tempo, apresenta um jeito sereno e triste, vivendo o luto do marido em sua realidade. A participação de Stan Lee tem um forte impacto reflexivo para Miles e como de costume, um pequeno alívio cômico, funcional para o público misturado a um nó na garganta devido seu falecimento recente.

A equipe de malfeitores segue o padrão clichê com o Rei do Crime como “ o chefão poderoso”, liderando um grupo de peso formado por Cabeça de Martelo, Escorpião, Abutre, Rino e a Dra Olívia Octavius, pouco conhecida pelo público do cinema. Esse grupo é responsável pela bagunça nos universos múltiplos, pois, à mando do chefe, tentam trazer sua família para a realidade que estão. Em contrapartida, através de suas batalhas e perseguições, traz ao fã mais antigo a memória das boas animações que sempre nos presenteava com conflitos “de tirar o fôlego”.

Agora que tecemos os retalhos, vamos ao acabamento? O filme “pinta e borda” nas cenas de ação dinâmicas, nos planos sequenciais excelentes e nos efeitos gráficos maravilhosos. Os closes valorizam cada personagem em suas performances, permitindo a apreciação de seus movimentos nos mais diversos ângulos. A trilha sonora mistura a modernidade com o blues e a cultura negra. O cenário apresenta uma ambientação urbana que retrata a bagunça do subúrbio e grandeza da área central de Nova Iorque. Toda arte de rua é pincelada junto aos principais quadrinhos e longas do Homem-Aranha. Assim temos um produto de qualidade, válido para qualquer gênero e idade.

Com tantos acertos, ficamos tentados a pensar em manter os direitos do nosso querido Homem-Aranha “longe de sua verdadeira casa”. Afinal, com essa “costura” a Sony provou que ainda pode tecer muita coisa boa para o Amigão da Vizinhança e já confirmou sequência para essa obra. Acredito que o Homem-Aranha de Tom Rowland terá que subir pelas paredes para manter o público em suas teias, antes que a Sony venha com sua chuva forte e o derrube. Mas a febre do Aranhaverso no início do ano deu uma amenizada, então já passou a chuva e o sol está surgindo cheio de MISTÉRIO no MCU… Nosso Homem-Aranha continua subindo… Ele é teioso e obediente, sobe, sobe, sobe, nos deixa bem contente! Me perdoem essa analogia à Dona Aranha… rsrsrsr.

Será que Homem-Aranha, longe de casa; terá tanto impacto quanto a animação original da Sony? A máscara desse herói aracnídeo realmente cabe para todos, tal como disse o saudoso Stan Lee em sua participação na animação? Ao contrário do que Miles grafitou no subsolo de Nova York, estamos sim cheios de EXPECTATIVAS em relação ao futuro desse personagem no MCU. O mais importante é a certeza que iremos cair mais uma vez como mosquinhas lesadas nas teias de um novo sucesso aracnídeo, afinal, como a própria Mary Jane falou em seu discurso, “somos todos Homem-Aranha”. Ah, só pra não esquecer… A animação merece com certeza…

5 Motherfucker

Edy

Edy "Aquele que caiu de paraquedas por causa da curiosidade que matou o gato..." Enfim, sou geek, sou professor, sou leitor de quadrinhos (Aracno-fã e apaixonado pela Turma da Mônica) sou um consumidor de séries e filmes dos mais convencionais aos mais peculiares ... Não. Eu não sou a Universal!